domingo, 13 de dezembro de 2009

O Teatro na Escola

O teatro, o teatro, vejam: num bairro de periferia, sim, na periferia de Porto Alegre, porque Porto Alegre não é só o centro, a parte histórica e as adjacências do campus da UFRGS... Porto Alegre é muito mais, é a zona norte, é o Humaitá, é a Vila Cruzeiro, é o Bairro Restinga... Por mais que você não acredite, ou não conheça. É... Mais uma vez com o auxílio do teatro e do incentivo à leitura, Paulo Guerra, Instrutor de Teatro da Escola Neo-Humanista Ananda Marga, prova que é possível, ainda, em tempos medíocres, vencer desafios, promovendo inclusão social. Leiam se puderem... (Mário Sérgio Leandro)


Entrevista com Paulo Guerra: Instrutor de Teatro da Escola Neo-Humanista Ananda Marga.

1. Por que o teatro e a sua importância dentro daquele contexto?

Há seis anos, fui convidado pela diretora, na época, para integrar o quadro de professores. A escola Neo-humanista também utiliza muito o teatro como forma de expressão e comunicação (verbal e não verbal). No início, foi um desafio, pois o nível socioeconômico da região é baixo e isso reflete nos conhecimentos gerais relacionados à arte. Aos poucos, fomos trabalhando e descobrindo novas maneiras de pensar e criar, as crianças que, anteriormente, haviam poucas vezes saído da comunidade, começaram a ter uma rotina cultural, incluindo visita a museus, exposições, teatros e a todas as manifestações culturais.

Rotina cultural: crianças envolvidas com a Mostra Cultural.

Mostra cultural, ainda: não só crianças...

2. Qual é a relação que os alunos têm com o teatro e esse mesmo teatro possibilita uma interação com a biblioteca da Escola?

De um modo geral, todas as crianças adoram esses 50 minutos de encontro com o teatro, pois são momentos de uma liberdade maior no sentido de expressar mais o que acontece em volta e um momento de criar. Algumas vezes, trabalhamos na biblioteca, pois não tenho uma sala específica, gosto de usar todos os espaços possíveis. Existe sempre um preconceito não só das crianças, mas até de alguns professores que a biblioteca é um lugar de silêncio e leitura, não discordo, porém é como eu digo para eles: é o local onde todas as fantasias e sonhos moram e estão à nossa disposição algumas prateleiras à nossa frente. É só abrir um livro e mergulhar na história.

A referida biblioteca escolar.

A animação das crianças com o livro é que não é secreta: é nítida!

3. Quais são os reflexos dessa prática que você percebe nos alunos?

Acredito que é um trabalho de interação a médio e longo prazo. Trabalhamos com crianças de 1ª a 4ª série e muitos não tem o hábito de ler em casa. Semanalmente, eles levam para casa alguns livros e –quando gostam-, relatam na forma de improvisações junto aos colegas, às vezes, até usando bonecos e desenhos.

4. Como isso interage com a escola como um todo, incluindo a biblioteca?

A biblioteca é para eles uma sala diferenciada da rotina diária da sala de aula. O próprio deslocamento com a carteirinha na mão é um evento, e o retorno com o livro ainda maior. Sempre digo que no teatro não é só apenas decorar um texto e repetir; é preciso estudar muito, conhecer muitas coisas e uma biblioteca é um local ideal para este aprendizado.

Mário Sérgio Leandro, Jaqueline Bitencourt , Rafael Francisco Dummer (alunos do curso técnico em Biblioteconomia do IFRS – Campus Porto Alegre

2 comentários:

  1. O conteúdo está OK, só a introdução foi repetida 2X.

    Tamara

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  2. De fato... A professora olhou e não viu ! Clevi

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